quarta-feira, 18 de maio de 2011

MAIAS


Um dos povos mais enigmáticos da história.
Os maias são objeto de intensas pesquisas arqueológicas contemporâneas, que, reunidas, aprofundam bastante o que se sabia anteriormente sobre seus feitos.


OS MAIAS ACREDITAVAM EM CICLOS RECORRENTES DE CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO.

O CICLO ATUAL DEVE ACABAR EM 2012.os maias são provavelmente a mais conhecida civilização clássica do Novo Mundo. Seu território abrangia áreas de cinco países atuais: México, Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador. Esse povo misterioso teria migrado da América do Norte para a Guatemala por volta de 2600 a.C; e, quando sua cultura atingiu o auge - entre 200 d.C. e 900 d.C., o chamado Período Clássico, os maias estavam espalhados por mais de 310 mil km.
Enquanto a Europa mergulhava na Idade das Trevas, os habitantes da Mesoamérica estudavam astronomia, tinham um calendário preciso de 365 dias e um sofisticado sistema de escrita por hieróglifos.
Ergueram pirâmides maiores que as do Egito, palácios ricamente decorados e observatórios astronômicos sofisticados, tudo sem usar ferramentas de metal. Também foram hábeis fazendeiros, abrindo a floresta tropical para plantar milho, feijão e tabaco. Onde a água era escassa, construíram grandes reservatórios subterrâneos para armazenar a água da chuva. Eram igualmente ótimos tecelões e ceramistas, e atravessaram selvas e pântanos para estabelecer uma extensa rede de comércio com povos distantes.
Cerca de 300 a.C, os maias adotaram um sistema de governo hierárquico, chefiado por um ahau, ou rei supremo, e sua sociedade estruturou-se em reinos independentes, cada qual com sua comunidade rural e sua cidade construída ao redor de centros cerimoniais. O declínio teve início 13 séculos mais tarde, quando - por motivos até hoje misteriosos - os maias abandonaram suas cidades no sul da Mesoamérica. No século 13 da era cristã, quando o norte se integrou à sociedade tolteca, a dinastia maia chegou ao final, muito embora alguns centros periféricos sobrevivessem até a conquista espanhola, no século 16.

A história maia pode ser contada em ciclos de ascensão e queda: uma cidade estado atingia proeminência e caía em declínio só para ser substituída por outra.
Também pode ser descrita como a de uma sociedade cujas mudanças foram guiadas pela religião, a base da sua cultura. A crença na influência do cosmos na vida humana e a necessidade de prestar homenagem aos deuses através de rituais, aliás, não é nada estranha aos tempos modernos.
Deve ter havido boas razões para os maias trocarem as pequenas comunidades agrícolas, dirigidas pelos patriarcas locais, pela complexidade dos reinos do Período Clássico. Encontrar meios para coletar a água da chuva e desbravar mais terras para a agricultura foram fundamentais. Uma força de trabalho foi organizada para construir e cuidar de um sistema de captação de água, formado por reservatórios, cisternas, açudes e canais destinados aos campos agrícolas. Essas inovações fizeram aumentar a produção de alimento, criando um excedente que levou ao incremento do comércio com os estados vizinhos e o subseqüente crescimento da população.
A necessidade de um governo para administrar as complicações da expansão urbana e da atividade rural explica em parte templos piramidais cada vez mais altos e elaborados; o aumento gradativo das hostilidades entre as cidades no final do Período Clássico e o alto preço das guerras, que degeneraram na selvageria de capturar os cidadãos vencidos para sacrifícios humanos (no começo do Período Clássico a guerra era mais civilizada: somente os reis e os nobres derrotados eram usados nesses sacrifícios).

Fossem quais fossem os motivos, os maias decidiram deixar suas suntuosas cidades e voltar à vida simples nas aldeias no campo, onde seus descendentes vivem ainda hoje. Sob a influência dos vizinhos toltecas e de outros grupos que se fixaram no Yucatán, a região norte também entrou em uma nova fase, que continuou até a chegada dos espanhóis em 1541.
No entanto, cada vez mais terras cultiváveis foram sendo tomadas pelas cidades, que continuaram crescendo, e parcialmente pela migração. População crescente, seca e perda de colheitas podem ter trazido a fome, forçando a população a se mudar em busca de alimento. Outros fatores que levaram as cidades do sul ao colapso podem ter sido o custo de manter reis e nobres e da construção de idade de trevas, com a queima dos livros maias e a tentativa de pôr fim à sua religião.


Pouco se sabe a respeito das tradições religiosas dos maias, a religião ainda não é completamente entendida por estudiosos. Assim como os astecas e os incas, os maias acreditavam na contagem cíclica natural do tempo. Os rituais e cerimônias eram associados a ciclos terrestres e celestiais que eram observados e registrados em calendários separados. Os sacerdotes maias tinham a tarefa de interpretar esses ciclos e fazer um panorama profético sobre o futuro ou passado com base no número de relações de todos os calendários. A purificação incluia jejum, abstenção sexual e confissão. A purificação era normalmente praticada antes de grandes eventos religiosos. Os maias acreditavam na existência de três planos principais no cosmo: a Terra, o céu e o submundo.
Os maias sacrificavam humanos e animais como forma de renovar ou estabelecer relações com o mundo dos deuses. Esses rituais obedeciam diversas regras. Normalmente, eram sacrificados pequenos animais, como perus e codornas, mas nas ocasiões muito excepcionais (tais como adesão ao trono, falecimento do monarca, enterro de algum membro da família real ou períodos de seca) aconteciam sacrifícios de humanos. Acredita-se que crianças eram muitas vezes oferecidas como vítimas sacrificiais porque os maias acreditavam que essas eram mais puras.
Os deuses maias não eram entidades separadas como os deuses gregos. Também não existia a separação entre o bem e o mal e nem a adoração de somente um deus regular, mas sim a adoração de vários deuses conforme a época e situação que melhor se aplicava para aquele deus.


Os maias acreditavam em ciclos recorrentes de criação e destruição e pensavam em termos de eras que duravam cerca de 5.200 anos. Segundo o calendário maia, o ciclo atual começou em 3114 ou 3113 a.c. e deve acabar em 2011 ou 2012.
Sua cosmologia não é fácil de ser reconstruída, mas aparentemente os maias acreditavam que a Terra era plana e tinha quatro cantos, cada um situado em um dos pontos cardeais e com sua cor característica: branco para o norte, amarelo para o sul, vermelho para o leste e preto para o oeste. No centro estava a cor verde. Alguns maias também acreditavam que o céu tinha múltiplas camadas e era sustentado por quatro deuses de imensa força física, chamados de Bacabs.
Outros maias acreditavam que o céu se apoiava em quatro árvores de cores e espécies diferentes. A Terra, em sua forma plana, estava nas costas de um crocodilo gigante que descansava numa piscina de lírios d'água. A contraparte celeste do crocodilo era a serpente de duas cabeças, um conceito supostamente fundamentado no fato de que a palavra maia para "céu" é semelhante à palavra para "serpente".
O céu tinha 13 níveis, cada um com seu próprio deus. O inferno, chamado de "Mundo Inferior", com nove níveis, era um lugar frio e infeliz e o destino final da maioria dos maias. Eles acreditavam que após a morte todos iam para o inferno, cuja entrada seriam as cavernas ou cenotes (poços de água criados pelo desabamento das cavernas de calcário).
Os reis também iam para o inferno, mas, como possuíam poderes sobrenaturais, conseguiam escapar e renascer no céu como deuses.
A morte por causas naturais era temida pelo povo maia, especialmente porque ninguém ia para o paraíso. Gente comum era enterrada debaixo da própria casa, com a boca cheia de comida e uma conta de jade, e acompanhada por artigos religiosos e objetos de uso cotidiano (os túmulos dos sacerdotes continham livros). Os nobres eram cremados e pequenos templos eram erguidos sobre suas urnas funerárias.

Metáforas astronômicas e eventos cósmicos definem os rituais e cerimônias dos maias. Em certos centros, as transferências do poder real, por exemplo, parecem ter sido marcadas para ocorrer nos solstícios de verão. Em Palenque, uma inscrição diz que ChanBahlum, o filho do rei Pacal, consagrou o agrupamento do Templo da Cruz em 23 de julho de 690 d.e. para coincidir com a conjunção de Júpiter, Saturno, Marte e a Lua. Para os maias, tal evento deve ter representado o nascimento dos deuses ancestrais pa deais. Nos equinócios de primavera e outono, por exemplo, o Sol jogava seus raios por pequenas aberturas em um observatório, iluminando seu interior. Outros alinhamentos relacionam-se aos exteriores dos templos e palácios.
O mais espetacular exemplo desse tipo de alinhamento pode ser observado em Chichén Itzá, a principal cidade maia da península do Yucatán.
Ainda hoje as pessoas se reúnem todo ano para ver o Sol iluminar a escadaria da pirâmide dedicada ao deus Quetzalcoatl, a serpente emplumada. Nos equinócios, o Sol gradualmente ilumina a escadaria da pirâmide, que termina com uma cabeça de serpente em sua base, e a sombra projetada cria a imagem de uma cobra ondulante que desliza para o chão - o deus descendo à Terra.
Por que os maias alinharam seus templos e praças com o Sol e as estrelas? Em parte foi por veneração aos deuses.
No solstício de inverno, o Sol nasce atrás de uma montanha além do templo, exatamente em linha com o centro do seu telhado. No seu trajeto, ele entra por um corredor no templo e, enquanto avança para se pôr no horizonte, parece descer pela escada que leva à tumba subterrânea de Pacal.
A morte do rei e sua entrada no inferno equivalem assim à própria morte do Sol e sua entrada no Mundo Inferior.

Os calendários, a mitologia e a astrologia eram integrados em um único sistema de crença. Os maias observavam o céu e faziam calendários para prever os eclipses solares e lunares, os ciclos de Vênus e os movimentos das constelações. Esses acontecimentos eram muito mais do que simples movimentos mecânicos - eram os deuses representando os míticos eventos da criação. E o que os sacerdotes-astrônomos faziam era aplicar a sagrada estrutura do cosmos aos afazeres terrestres.Por isso, observatórios astronômicos foram construídos em quase todas as cidades maias, como o famoso Caracol, em Chichén Itzá, que está alinhado com o aparecimento de corpos celestes como a constelação das Plêiades e Vênus.
Esse último planeta era particularmente significativo para os maias - seu importante deus Quetzalcoatl, por exemplo, está identificado com ele. O Códice de Vênus e era usado para prever o futuro. Os maias também iam para a guerra seguindo a orientação de Vênus, com os ataques às cidades inimigas sendo marcados para coincidir com o surgimento do planeta no céu.
Pouco se sabe sobre o panteão maia. Havia pelo menos 166 divindades, cada uma delas com muitos aspectos: alguns deuses tinham mais de um sexo, enquanto outros podiam ser tanto jovens quanto velhos. Algumas fontes falam de Itzamná, um único deus supremo, inventor da escrita e padroeiro das artes e das ciências. Sua mulher era Ix Chel, a deusa da Lua, padroeira da tecelagem, da medicina e do nascimento.
O papel dos sacerdotes estava ligado ao calendário e à astronomia. Eles controlavam ensino e estavam encarregados de calcular tempo para marcar as cerimônias e festivais, além de serem responsáveis pela escrita e pela genealogia. O clero maia não era celibatário, e os filhos sucediam os pais.
Todos os rituais eram ditados pelo calendário sagrado e tinham um sentido simbólico. A abstinência sexual era rigidamente observada antes e durante tais eventos, e a automutilação era encorajada com o objetivo de fornecer sangue para untar os artigos religiosos.
A elite era obcecada por sangue - tanto o próprio como o dos cativos -, e rituais sangrentos eram a parte principal de qualquer data importante. O sangue tinha a finalidade de aplacar os deuses e, quando a civilização maia começou seu declínio, os governantes dos grandes territórios saíram desesperados de uma cidade a outra perpetrando os mais sangrentos rituais na tentativa de manter seus reinos em desintegração.

SACRIFICIOS HUMANOS:
Os sacrifícios humanos eram feitos com prisioneiros de guerra, escravos e particularmente crianças; órfãos e filhos ilegítimos eram comprados especialmente para a ocasião. Antes da influência tolteca, porém, os sacrifícios de animais devem ter sido muito mais comuns do que de humanos, e perus, cachorros e iguanas estavam entre as espécies consideradas apropriadas corno oferendas aos deuses. Nos sacrifícios humanos, os sacerdotes eram auxiliados por quatro homens mais velhos, conhecidos como chacs, em honra ao deus da chuva, Chac. Esses homens seguravam os braços e pernas da vítima enquanto seu peito era aberto pelo nacom, um comandante militar, que arrancava o coração ainda pulsante. Também estava presente o chilam, xamã que em transe recebia mensagens dos deuses, e cujas profecias eram interpretadas pelos sacerdotes.

ARQUITETURA:As cidades eram os centros administrativos e religiosos, onde muita gente vivia. Em grandes núcleos urbanos como Tikal, por exemplo, em uma área de 10 km2 havia mais de 10 mil estruturas, que iam de pirâmides a cabanas com telhados de sapé. Estima-se em 60 mil o número de seus habitantes, o que lhe dá uma densidade populacional várias vezes superior à de qualquer cidade média da Europa na mesma época histórica. Uma cidade maia do Período Clássico geralmente consistia em praças rodeadas por plataformas encimadas por estruturas de alvenaria, que iam de templos e palácios a túmulos.
A arquitetura mostra um sofisticado senso de decoração e arte, expressa em esculturas e paredes pintadas. Em Tikal, as principais construções eram interligadas por ruas de pedra ou por viadutos. No entanto, essas cidades desenvolveram-se aparentemente sem nenhum planejamento, com templos e palácios sendo derrubados e reconstruídos através dos séculos. Devido a esse padrão errático, os limites das cidades maias são difíceis de ser determinados. Algumas são cercadas por um fosso e outras têm fortificações defensivas ao seu redor, mas isso é incomum. Cidades muradas são raras, com exceção de algumas descobertas recentemente e que datam do colapso da civilização maia, quando muralhas de proteção foram erguidas para conter os inimigos externos.
Como a água era escassa em certas regiões, grandes cidades como Tikal tinham reservatórios construídos para servir à população durante a estação da seca. Quadras para o religioso jogo de bola - o pok-a-tok, que reproduzia os movimentos dos deuses celestiais - também são encontradas em muitos centros urbanos.
Cidades mais importantes tinham monolitos ou pilares colocados diante de templos e palácios. Elevando-se acima de todas as demais estruturas estavam as pirâmides-templos, construídas com blocos de pedra calcária. Eram o aspecto mais notável das cidades. Os templos em cima das pirâmides geralmente tinham apenas uma ou duas salas, tão pequenas que só poderiam ter sido usadas para cerimônias religiosas não destinadas ao público. Embora os templos piramidais fossem as construções mais espetaculares, a cidade era composta principalmente por palácios, estruturas térreas construídas como os templos no topo das pirâmides, mas com várias dúzias de salas e um ou mais pátios internos.
Não se sabe para que os palácios eram usados. Os governantes e a elite burocrática podem ter vivido neles, muito embora as salas fossem apertadas e espartanas. Os arqueólogos sugerem que os nobres provavelmente teriam morado em prédios menos permanentes, que não sobreviveram ao tempo. Eles ainda sugerem que as salas dos palácios, em forma de cela, poderiam indicar que monges, freiras ou sacerdotes as tenham habitado, apesar de haver poucas evidências de terem existido ordens monásticas ou eclesiásticas entre os maias antigos.
Plataformas cerimoniais
Estas eram comumente plataformas de pedra calcária com muros de menos de quatro metros de altura onde se realizavam cerimônias públicas e ritos religiosos. Construídas nas grandes plataformas, eram ao menos realçadas com figuras talhadas em pedra e às vezes tzompantli ou uma estaca usada para exibir as cabeças das vítimas geralmente os derrotados nos jogos de bola mesoamericanos.
Pirâmides e templos
Com freqüência os templos religiosos mais importantes se encontravam em cima das pirâmides maias, supostamente por ser o lugar mais perto do céu. Embora recentes descobertas apontem para o uso extensivo de pirâmides como tumbas, os templos raramente parecem ter contido sepulturas. A falta de câmaras funerárias indica que o propósito de tais pirâmides não é servir como tumbas e se as encerram isto é incidental.
Pelas íngremes escadarias, se permitia aos sacerdotes e oficiantes o acesso ao cume da pirâmide onde havia três pequenas câmaras com propósitos rituais. Os templos sobre as pirâmides, a mais de 70 metros de altura, como em El Mirador, de onde se descortinava o horizonte ao longe, constituíram estruturas impressionantes e espetaculares, ricamente decoradas. Comumente possuíam uma crista sobre o teto, ou um grande muro que, teorizam, poderia ter servido para a escrita de sinais rituais para serem vistos por todos.
Como eram ocasionalmente as únicas estruturas que excediam a altura da selva, as cristas sobre os templos eram minuciosamente talhadas com representações dos governantes que se podiam ver de grandes distâncias. Debaixo dos orgulhosos templos estavam as pirâmides que eram, em última instância, uma série de plataformas divididas por escadarias empinadas que davam acesso ao templo.

A ESCRITA:Os maias escreviam usando 800 sinais, que eram dispostos em colunas e lidos da esquerda para a direita de cima para baixo. Os hieróglifos maias representam palavras ou sílabas que podiam ser combinadas para formar qualquer palavra ou conceito na língua maia, incluindo números, períodos de tempo, nomes e títulos. As inscrições eram esculpidas em pedras ou madeira para adornar monumentos,, ou pintados em papel, paredes de gesso e cerâmica. É um sistema de difícil interpretação, porque representam sons, idéias ao mesmo tempo.

Livros maiasChilam Balam
Popol Vuh, (que significa livro da reunião ou comunidade, considerado a Biblia maia)
Rabinal Achí
Anais dos Caqchiqueles
Códices maias
Fonte:
Coleção Planeta - Grandes Mistérios - Editora 3.

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